As luvas de procedimentos médicos (estéreis ou não) são itens indispensáveis em clinicas e hospitais em todo o mundo. A assepsia e limpeza rigorosa do ambiente hospitalar, assim como das mãos e roupas dos profissionais de saúde, garante que não haja contaminação cruzada – a transferência de microrganismos dos profissionais de saúde para os pacientes e vice-versa.
Mas não foi sempre que a limpeza e o uso de luvas eram vistas com bons olhos pelos profissionais de saúde. Na verdade, na Idade Média, a sujeira era símbolo de que o médico era bom e trabalhava bem. As primeiras luvas usadas por médicos e enfermeiros surgiram nessa época, no final da idade média, com a função de protege-los da Peste Bubônica na Europa. As luvas eram feitas de couro de cabra, enceradas com uma camada de gordura animal para impermeabiliza-las.
Além delas, um jaleco de couro, chapéu, máscara e um bico que cobria todo o nariz, faziam parte do conjunto. Toda essa vestimenta foi criada no início do século 17 por Charles L’Orme, médico do Rei da França, Luis VIII. A ideia era que o traje funcionasse mais ou menos como as roupas dos cientistas que trabalham com agentes biológicos hoje em dia. Mas toda aquela parafernália era pouco eficaz e só ajudava a espalhar mais doenças.
Foi em 1864 que Loius Pasteur iria apresentar o experimento que provou a existência de germes microscópicos na atmosfera terrestre, capazes de causar inúmeras infecções. No ano seguinte, em 1865, seguindo a teoria de Pasteur, o cirurgião Joseph Lister começou a utilizar ácido fênico como barreira contra a septicemia. Ele foi o primeiro cirurgião a realizar operações em uma câmara esterilizada, pulverizando antisséptico no ar para eliminar os germes, o que fez os índices de mortalidade e infecções generalizadas terem uma queda significativa na época.
Em 1890, Johann Von Mikulicz, um cirurgião polonês defensor do uso dos antissépticos, passou a usar luvas de pano enquanto operava, além de uma máscara de gaze, semelhante ao modelo utilizado hoje em dia pelos médicos e outros profissionais de saúde.
As primeiras luvas de borracha (Luvas do Amor):
As primeiras luvas cirúrgicas de borracha foram criadas pelo cirurgião norte-americano William Stewart Halsted (1852 – 1922). Halsted tem o nome bem marcado na história da medicina, e a criação de muitos procedimentos e instrumentos cirúrgicos são debitadas a ele, como a Cirurgia de Halsted, Sutura de Halsted, Pinça de Halsted, entre outros.
Mas a história das luvas não está tão ligada à sua genialidade como está ao seu amor. Isso mesmo, foi o fato de William Halsted ter se apaixonado que permitiu que as luvas cirúrgicas de borracha fossem criadas.
A medicina ainda estava aprendendo a evitar infecções nos procedimentos cirúrgicos, e em 1890, Halsted era cirurgião e professor no Hospital John Hopkins, que era também um hospital universitário. Halsted e sua equipe seguiam um rigoroso procedimento de antissepsia das mãos, mergulhando-as em soluções de ácido fênico.
Caroline Hamptom era a instrumentadora cirúrgica de Halsted, e desenvolveu uma séria dermatite, provocada pelo contato com as soluções antissépticas usadas nas cirurgias. Essa alergia estava colocando a carreira da enfermeira em risco, fazendo com que ela cogitasse sair da equipe do médico.
Com medo de perder a sua melhor enfermeira, William Halsted contatou a Goodyear Rubber Company para fazer um par de luvas de borracha delgada, para que Caroline pudesse mergulhar as mãos protegidas pelas luvas na solução sem maiores danos a sua pele.
Acredita-se que Halsted era apaixonado por Caroline, mesmo porque, pouco tempo depois eles se casaram e viveram o resto da vida juntos.
Um dos assistentes de Halsted, Joseph Bloodgood, percebeu que na realidade as luvas por si só representavam uma melhor maneira de se obter a assepsia, já que poderia ser esterilizadas previamente. O médico passou a utilizar, junto com toda a sua equipe, luvas iguais às de Caroline em cirurgias de hérnia, e as infecções caíram para quase zero.
Não muitos anos depois, as luvas foram adotadas como item obrigatório em diversos hospitais nos Estados Unidos e na Europa, e hoje já são de uso padrão obrigatório em todo o mundo, servindo como uma barreira de proteção para o médico e para o paciente.
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